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coisas acesas por dentro

Galeria Frente | São Paulo

 

Em sua prática artística, Igor Rodrigues propõe uma discussão acerca dos corpos negros, reivindicando a eles seu lugar de protagonismo, não somente na sociedade, mas dentro do próprio meio artístico. Com uma prática decolonial, suas pinturas pretendem romper com o imaginário de violência que foi perpetuado historicamente, e que ainda hoje implica em como esse grupo social é percebido socialmente. Para isso, o artista se vale de um exercício de colocar esses corpos em uma perspectiva de liberdade e cura.

 

Durante a construção de sua primeira individual em São Paulo, Igor criou uma série de pinturas - em sua grande maioria obras inéditas - que vão lidar com essas noções de recriação de imaginários, a partir de uma narrativa que parte das discussões acerca das invisibilizações, usado de uma leitura crítica do colonialismo e seus efeitos, bem como à tentativa de questionamento da sociedade, o que, por sua vez, está ligado à possibilidade de surgimento de um novo protagonismo por parte da população negra, novos processos de elaboração de conhecimento - sobre si e sobre seus direitos - e novos caminhos políticos.

 

E um desses lugares que o artista encontrou para trazer algumas respostas foi a valorização da beleza como afirmação da autoestima. No entanto, as pinturas do artista trazem uma vivacidade de cores. Suas obras, em todas as suas cores vibrantes, destinam-se a iluminar os tópicos que ele quer discutir.

 

A maioria das obras de Igor retrata mulheres em poses poderosas e vestidas com roupas luxuosas e coloridas. Sim, a moda é uma discussão importante nas obras do artista, de forma que esse é um dos recursos de resgate de um empoderamento. Essa discussão estética vem sendo retomada por uma nova geração que busca inserir a população negra em uma perspectiva contemporânea de que moda também é comportamento. Um registro do tempo capaz de ressignificar como percebemos o mundo. E especialmente como nos percebemos em relação às diferenças.

 

Dessa forma, o trabalho de Igor Rodrigues estabelece esses paralelos frente a história que nos foi contada e a que precisa ser reescrita a partir de agora. Se ao longo da exposição ele nos coloca diante tantos desejos de mudanças, qual o papel que assumimos para que  essas imagens ocupem seus lugares de liberdade em um mundo que ainda insiste em oprimi-las? Se Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento, Igor aponta que o caminho agora é de que as belezas sejam coisas acesas por dentro. E que assim seja!

                                                                                                                        Carollina Lauriano

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